Itapecerica da Serra: Dr. Nakano e equipe da Saúde apresentam gravidade do cenário atual de combate à Covid no município
O prefeito Dr. Francisco Nakano fez um balanço do combate à pandemia em Itapecerica da Serra e apresentou medidas que a Administração Municipal está tomando, em reunião com o superintendente Dr. Flávio Bergamaschi e equipe técnica da Autarquia de Saúde, na manhã de ontem segunda-feira, 29 .
Com transmissão online para a imprensa regional, o encontro teve a presença de vereadores, secretários, representantes do Sindicato dos Funcionários e da iniciativa privada, no Auditório do Complexo Administrativo.
O prefeito destacou as dificuldades financeiras enfrentadas pela cidade no combate à Covid-19. “Até o momento não recebemos valor nenhum de repasse dos governos Estadual e Federal (para este fim)”, disse. Por isso, teve que suspender alguns contratos de outras áreas, o que acabou gerando críticas nas redes sociais.
Dr. Nakano contou que assumiu a prefeitura com uma dívida de R$ 33 milhões, sendo R$ 17 milhões referentes a precatórios, e ainda se depara com gastos não previstos, como o pagamento este mês de R$ 1,3 milhão aos servidores, por decisão judicial, referente a um benefício não concedido no ano de 2014.
O prefeito finalizou pedindo que a população leve a sério as medidas de prevenção à doença e reforçou que está diariamente percorrendo a cidade e exigindo um serviço de qualidade aos munícipes.
A atuação do Dr. Nakano foi parabenizada pelo superintendente municipal de Saúde, Dr. Flávio Bergamaschi, que agradeceu a coragem e sensatez do prefeito em tomar as decisões necessárias neste momento de crise. “A situação é bem crítica. Precisamos que as pessoas sigam as medidas que estão sendo adotadas. Se não houver colaboração, nossa situação em breve será ainda pior”, garantiu o superintendente.
A previsão foi reforçada pela coordenadora técnica da Autarquia de Saúde, Dra. Wanessa Geroma, que detalhou o colapso que se encontra a rede de Saúde de Itapecerica da Serra. “Estamos no quarto dia com os dois Prontos-Socorros com 100% de ocupação. Posso informar, com certeza, que o HGIS também já está com 100% de ocupação”, pontuou.
Dra. Wanessa fez uma apresentação com os números atuais da doença no município, avanços de casos e óbitos. Ela mostrou que atualmente a faixa etária de 60 a 69 é a que apresenta maior índice de mortalidade, e a de 30 a 39 anos, a taxa de infecção mais alta. A diretora expôs o balanço de vacinados na cidade e comprovou que a imunização é eficaz ao mostrar a queda das mortes de idosos com 80 anos ou mais.
A Prefeitura iniciará uma ação diferenciada em bairros que apresentam situação mais crítica, como Analândia, Crispim e Jardim Jacira. O cenário foi identificado por meio da análise dos casos positivos em comparativo entre todas as regiões. “Temos pessoas contaminadas não isoladas nesses bairros”, apontou Dra. Wanessa. Os locais terão lavagens das ruas e um carro de som com mensagens de conscientização.
Por fim, a coordenadora tratou da questão do abastecimento de oxigênio. Diante da enorme demanda das últimas semanas, no dia 19 de março houve atraso no abastecimento do Pronto-Socorro do Jacira, por meio da empresa fornecedora. Prevendo o problema, a Autarquia já havia recolhido os cilindros das unidades básicas de saúde e deixado à disposição daquele PS. “Nenhum paciente sofreu danos, pois nós nos antecipamos”, falou Dra. Wanessa.
Para garantir o bom andamento desse tipo de assistência, a Secretaria de Obras já preparou a base e a Autarquia irá instalar um tanque de oxigênio com capacidade para 5 mil m3 no local. O Pronto-Socorro Central, que já conta com um tanque, terá a ampliação deste a partir de amanhã, 30 de março.
A situação financeira da Autarquia de Saúde foi detalhada pela Dra. Patrícia Gomes Nicastro, coordenadora administrativa do órgão. “Assumimos (em janeiro) com uma dívida de R$ 4,5 milhões, entre contratos de fornecedores”. A técnica explicou que os salários e pagamentos deste ano estão todos em dia; o que estão atrasados são alguns valores de 2020, já em processo de negociação.
A técnica ainda ressaltou a dificuldade na aquisição de insumos e medicamentos. Segundo Dra. Patrícia, em janeiro os estoques estavam “praticamente zerados, não se comprava nada desde agosto”. Essa deficiência e o aumento da demanda exigiram duas compras emergenciais, em um cenário de dificuldade em encontrar alguns produtos e preços elevados por conta da demanda mundial.
Diante do pior momento da pandemia, cuja gravidade foi bem explicitada no encontro, é importante colocar que os cuidados para evitar a propagação da doença devem ser mantidos e intensificados por todos, com o uso de máscaras, higienização das mãos e o maior isolamento social possível.